Suzano

Crime de Racismo: Guarda Municipal de Mogi Denuncia Atacadista Obramax em Suzano Após Abordagem Discriminatória

GCM Jonatas Santos Silva Júnior relata injúria racial após ser impedido de sair da loja sob suspeita de furto; empresa afasta envolvidos e promete processar atacadista cível e criminalmente.

O Guarda Municipal (GCM) de Mogi das Cruzes, Jonatas Santos Silva Júnior, de 41 anos, negro e casado, formalizou uma denúncia de injúria racial contra o atacadista de material de construção Obramax, em Suzano. O doloroso episódio ocorreu na noite da última sexta-feira (14), e o GCM, que estava à paisana, alega ter sido abordado de forma violenta e discriminatória por um segurança da loja.

Jonatas procurou a Obramax para comprar caixas de piso após o expediente. Enquanto circulava pela loja, ele pegou dois rolos de fita isolante em promoção, mas logo em seguida desistiu da compra total, pois não conseguiria retirar o piso no horário permitido. Ele então dispensou as fitas em uma prateleira qualquer e se dirigiu à porta de saída.

A Constrangedora Tentativa de Saída

Foi na porta que o pesadelo começou. O segurança da loja fechou a passagem do GCM, acusando-o publicamente de furto.

“Quando eu fui sair, o segurança fechou a porta, impedindo a minha passagem, e mandou que eu devolvesse as fitas isolantes que eu havia pegado. Ele afirmou que eu estava com as fitas e que estaria querendo sair com elas. ‘Põe a fita no lugar’, ele repetia.”

Mesmo após se identificar como Guarda Municipal, mostrando sua carteira funcional e garantindo que não estava com nada que não lhe pertencesse, o segurança teria dito que “não importava” e que estava apenas “fazendo o serviço dele”. A gerente da loja, acionada por Jonatas, exigiu que ele mostrasse o local exato onde havia deixado as fitas.

O Monitoramento e a Arma na Cintura

Indignado com a suspeita infundada, Jonatas decidiu levar todos para a delegacia. Segundo ele, após a ameaça, a postura dos funcionários mudou.

Na Delegacia de Suzano, onde o Boletim de Ocorrência (B.O.) foi registrado, os representantes da loja alegaram que Jonatas havia sido considerado “suspeito” ao entrar, e que o monitoramento foi acionado para filmá-lo. O sistema confirmou que ele circulou por diversos corredores, identificou um “volume na cintura”, mas não constatou furto.

Jonatas esclareceu que o “volume” era sua arma de serviço, pois, sendo um GCM à paisana, estava armado. O segurança, então, assumiu ter agido por “conta própria” ao impedi-lo de sair.

Abalado, o GCM expressou sua determinação em levar o caso adiante: “Vou processar cível e criminalmente essa empresa, essas pessoas”, disse Jonatas, que contratou uma advogada, reforçando que pensou em seu filho, também negro, e que não deixará “que mais essa história de racismo seja esquecida”.


Resposta da Obramax: Afastamento e Treinamento

Em nota oficial, a Obramax lamentou o ocorrido, mas reafirmou seu compromisso com a ética, o respeito e o repúdio a qualquer forma de preconceito. A empresa informou:

  • Está colaborando integralmente com as autoridades.
  • Afastou imediatamente os colaboradores envolvidos, que são de uma empresa terceirizada de segurança.
  • Ordenou um treinamento adicional para reforçar os protocolos de abordagem, visando um ambiente livre de discriminação.

A Obramax disse que aguardará a conclusão da apuração interna para fornecer esclarecimentos adicionais.


Legislação Contra o Racismo no Brasil

O caso é enquadrado pela recente alteração legislativa que reforçou a punição para crimes de ódio racial:

LegislaçãoDisposiçãoPenalidade
Constituição Federal (1988)Racismo é crime inafiançável e imprescritível (art. 5º, XLII).Sujeito à reclusão.
Lei 14.532/2023Tipifica a Injúria Racial como crime de Racismo.Pena aumentada de 2 a 5 anos de reclusão.
Diferença LegalRacismo é crime contra a coletividade. Injúria Racial é crime direcionado à honra subjetiva do indivíduo.A injúria racial passa a ter o mesmo peso legal do crime de racismo.

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